Era uma vez uma lagarta que vivia na
floresta. Ela tinha uma vida muito boa, embora vivesse rastejando pelo chão ou
pelos galhos das árvores. Como moradora da floresta, comida não faltava. Além
disso, ela possuía uma defesa que afastava todos os animais predadores. Quem
encostasse nela seria queimado. Também possuía espinhos pelo corpo e pêlos que mudavam de cor para se camuflar. Ou seja, tinha comida em abundância e não corria quase riscos. O que mais uma lagarta poderia querer da vida? Mas a vida é sempre
cheia de surpresas não é mesmo? Um dia essa lagarta encontrou uma linda
borboleta que a chamou pelo nome. Surpresa, a lagarta quis saber como ela sabia
seu nome. Para seu espanto, ficou sabendo que era uma amiga sua que se
transformou numa borboleta. A borboleta, sua amiga lhe falou das maravilhas
que estava experimentando nessa nova vida: agora além de poder voar, leve e
faceira, apreciava as flores dos jardins, alegrava as crianças com sua beleza e
seu colorido das asas, encantava os casais de namorados nos parques e praças e
também contribuía com a polinização das plantas, ao invés de simplesmente comer as
folhas das árvores como fazia antes. Ela também lhe disse que se quisesse, ela
poderia também se transformar numa borboleta como ela e as duas poderiam
voltar a ser amigas como antes, passeando juntas pelos jardins. Somente teria
que passar por uma metamorfose, entrar no casulo, e depois de um tempo, teria
que rompê-lo com muita força.
A lagarta pensou um pouco e depois disse que
tinha medo, que não estava preparada, seria muito difícil conseguir mudar. Além
do mais, gostava da sua vida do jeito que era, não iria se acostumar. A
borboleta então foi embora, deixando a lagarta com seus pensamentos. O tempo
foi passando e aquela ideia de voar, de mudança não saiu de sua cabeça. Passou
a observar as outras borboletas que às vezes ela via na floresta e uma vontade
grande começou a invadir seus sentimentos. Até que um dia tomou a decisão e logo
em seguida o processo de transformação começou a ocorrer com ela. Um casulo
começou a se formar em torno do seu corpo e assim ficou por alguns dias, até
que finalmente chegou o momento de romper e experimentar a transformação da
nova vida. Ela teria que despender uma enorme força. Uma força de vontade teria
que brotar de dentro dela, e assim ela fez, tentou várias vezes, lutou
bravamente e consegui romper o casulo. Quando ela finalmente saiu do casulo,
uma surpresa a esperava do lado de fora, sua amiga estava lá para lhe ensinar a
dar os primeiros voos. E as duas juntas voaram pela floresta e depois foram embora
conhecer novos lugares, praças e jardins polinizando as flores e plantas da
cidade. Assim a antiga lagarta, agora borboleta ganhou nova vida, novo ânimo,
renovou suas forças, como se estivesse nascido de novo, na mesma vida. Um renascimento,
uma renovação. Passou a viver dias de intensa alegria, e a experimentar
sentimentos que nunca tivera, como gratidão, por exemplo, por essa nova vida.
Os dias, meses se passaram e com o tempo a borboleta foi se acostumando com sua
nova condição e passou a observar os pássaros, especialmente a gaivota, a quem
ela muito admirava por sua beleza e pelo desempenho do seu voo suave e sereno
sobre o mar. De tanto observar e admirar ela desejou ser um pássaro. Pensou num
jeito de se transformar numa bela gaivota. Mesmo que precisasse passar de novo
pelo processo de transformação, pelo casulo, pela mudança e transição. Ela
conversou com sua amiga borboleta e disse que queria ser uma gaivota. Mesmo sua
amiga dizendo que não seria possível, ela começou a orar ao Criador pedindo
para transformá-la numa gaivota. Queria voar mais alto, sobrevoar o mar, sentir
seu cheiro, comer os peixes, mergulhar, ser mais livre, sentir o vento bater em
suas asas em seu rosto. Até que um dia ela ficou doente, com muita febre e se
recolheu, seu corpo ficou todo enrolado, e gradualmente foi ficando coberto por
alguma coisa que ela nem conseguia identificar. Desacordou e ficou assim por
vários dias, nem lembra quanto tempo. Depois certo dia ela despertou, e sentiu
uma forte vontade de gritar, mas parecia presa e começou a lutar, fazer força e
cada vez mais força. Até que finalmente ela conseguiu, rompeu alguma coisa e
quando percebeu já era outra coisa, era um pássaro, uma gaivota. Abriu as asas e começou a
voar, voar, voar, cada vez mais alto e sobre o mar como ela queria. Ela
conseguiu, havia se transformado numa gaivota. Mergulhou e pegou um peixe,
comeu e sentiu o maravilhoso sabor do fruto do mar! Uma delícia! Nasci para ser
gaivota, comer peixe e sentir o vento no meu rosto, ver o mar, e sentir seu cheiro,
pensava ela.
Essa é a
história da lagarta que virou borboleta e depois se transformou numa
gaivota. As muitas lições que essa
história nos apresenta é que para evoluirmos precisamos passar pelos processos
dolorosos, não há como evoluir sem purificar, sem quebrar paradigmas , sem
romper o casulo.Muitas vezes a vida nos apresenta os casulos naturais, outras
vezes nós mesmos nos apresentamos a eles. Mas de um modo ou de outro para
vencermos cada etapa precisamos ser fortes, decididos e termos fé no poder da
Criação e em nos mesmos. A lagarta
levava uma vida tranquila, mas alguém a fez pensar, lhe mostrou um caminho
melhor e despertou dentro dela algo novo que a fez desejar algo melhor. Ela enfrentou e depois
ela mesma descobriu sua vocação e desejou voos mais altos e superou até sua
mestra, alcançando niveis maiores e que parecia impossível. Será que nós não limitamos nossa evolução ?
Será que dentro de cada um existe mesmo um limite ? E se existe , qual o
tamanho desse limite ?
Cigano Romani em 24/09/19
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